Apesar da chuva e do frio, cerca de 200 pessoas participaram da audiência pública realizada pela Comissão de Assuntos Municipais (CAM) da Assembleia Legislativa, na noite de sexta-feira (15), no auditório da Faculdade Antonio Meneghetti, no Distrito Recanto Maestro, em Restinga Seca. Na pauta, foram debatidas diversas questões envolvendo a duplicação da RSC-287.

O principal ponto abordado na audiência por lideranças, políticos e moradores é que o governo estadual pressione a empresa Sacyr, responsável pela Rota de Santa Maria, a começar a duplicação pelas duas pontas, Tabaí, no Vale do Caí, e Santa Maria. Atualmente, o cronograma de obras prevê que os trechos entre Novo Cabrais e Paraíso do Sul e de Paraíso do Sul a Santa Maria serão duplicados somente daqui 19 ou 20 anos. Porém, os dois pedágios localizados na região Central já entram em funcionamento em 2022.

O vereador de São João do Polêsine, Claudio Spanhol (MDB), que coordena o Movimento pela Duplicação Total da 287, é um dos líderes da mobilização na região.

“O governo tem a coragem dizer que 20 anos não é muito tempo, o que estaremos fazendo daqui 20 anos? Nossa RSC-287 não pode ser abandonada dessa forma. Nossa proposta é de que a obra de duplicação inicie nos dois sentidos, ao mesmo tempo, ou seja, um canteiro de obras de Tabai (região metropolitana de Porto Alegre) à Santa Maria e outro de Santa Maria à Tabaí. É uma questão de equilíbrio, transparência e igualdade”, afirma Spanhol.

Claudio Spanhol lidera o Movimento pela Duplicação Total da RSC-287.

A audiência foi coordenada pelo deputado Valdeci Oliveira (PT).

“Esperar quase 20 anos por uma duplicação e já sair pagando não é justo. Pedágio só é bom quando todas as partes saem ganhando. Não somos contra a duplicação, muito pelo contrário, pois ela traz desenvolvimento regional e salva vidas. Mas que (a duplicação) comece nas duas pontas, em Santa Maria e Tabaí, na Região Metropolitana da capital. A sociedade vai pagar as tarifas, mas vai perceber que as coisas estão acontecendo. O contrário disso é falta de transparência e de diálogo por parte do governo e lucro fácil para quem vai tocar a obra”, ressaltou Valcedi.

Quem também esteve presente na audiência foi o ex- vice-governador Vicente Bogo, que é do mesmo partido do governador Eduardo Leite (PSDB). Segundo ele, apesar do contrato estar assinado, as obras ainda não começaram, o que possibilita alterações no projeto.

“Os investidores não colocam dinheiro para receber em 20 anos. Vão investir para receber logo, enquanto nós vamos pagar na frente para receber depois. Inclusive não vão colocar dinheiro próprio, mas de empréstimos junto ao BNDES. E se não conseguirem podem desistir, está no contrato”, explicou.

“É inaceitável uma obra começar 200 quilômetros distante e cobrar pedágio nesses moldes”, complementou o vice-prefeito de São José do Polêsine, Milvo Vizzotto.

Cerca de 200 pessoas participaram da audiência pública da Assembleia Legislativa. Fotos: Raul Pujol/SM24Horas

Nenhum represente da empresa Sacyr, que é a quarta maior no mundo em operação de rodovias, participou da audiência. Representando o governo do estado, Luciano Faustino, diretor-geral do DAER, afirmou que irá transmitir as demandas da audiência para o secretário de Logística e Transportes, Juvir Costella, e ao secretário estadual de Parcerias, Leonardo Busatto.

No término do encontro, Valdeci reiterou o pedido anteriormente feito ao diretor DAER, como deliberação da audiência, para que de forma célere e urgente, seja agendada uma reunião com os secretários Costella (Transporte) e Busatto (Parcerias).

Particparam ainda da audiência diversos vereadores e prefeitos da Quarta Colônia.

Pedágio próximo da escola no distrito de Palma gera insatisfação 

Pelo contrato entre Estado e Sacyr está prevista a construção de uma praça de pedágio no km 220, distrito da Palma, nas proximidades da escola Major Tancredo Pena de Moraes, o que não agrada professores, pais de alunos e moradores da região.

“A Praça ficará distante apenas 750 metros da escola, vai gerar insegurança, ruídos e poluentes, fatores inerentes a um pedágio. Os transtornos ultrapassam em muito as cancelas e a rótula alongada em frente da escola avançará sobre o pátio, causando insegurança aos alunos, pais e trabalhadores”, destacou Deina Farenzena, diretora da escola que possui cerca de 150 alunos.